sexta-feira, 17 de junho de 2011

UM TEXTO DA ANA PAULA


Tava devendo este texto da Ana Paula, que tentei publicar no blog antigo (do uol), mas a matrix não deixou. Ei-lo:

Príncipes não existem

Eu vivia displicentemente. Não tinha responsabilidades emotivas. Não sabia bem o que era amor, desejo, paixão. Não fazia ideia do que era amar ou ser amada. Contentava-me, apenas, com minhas aventuras mal resolvidas.

Mas o destino adora aprontar boas peças aos corações. A esses corações negligentes. É prazeroso pra ele ver as batidas aceleradas, as gotas de suor derramadas, as unhas ruídas, a respiração ofegante. O destino alegra-se com todas as sensações idiotas que sentimos quando nos julgamos apaixonados.

E foi através desses sintomas que descobri o que sentem os amantes. Tudo era perfeito! Um sonho! Um verdadeiro conto de fadas! Sim! Com príncipe encantado e tudo mais. Cada vez que os braços dele se estendiam a mim, era como se abrissem as portas de um magnífico reino encantado.

Passei a dedicar minha vida, então cor de rosa, a essa fantasia. Eu dissipava formosura aos quatros cantos. O Telefone passou a ser meu melhor amigo. O barulho de seu toque tornou-se melodia aos meus ouvidos. E do outro lado da linha a mais suave das notas musicais. O dia já não apresentava, por mim, nenhuma simpatia.

Propositalmente passava lentamente para que eu não pudesse encontrar-me com minha grande aliada: a noite. Era nela que a voz tomaria cheiro, forma, cor.

Mas diferentemente dos contos de fadas, na vida real não existe “felizes para sempre”. O que existem são apenas as bruxas, os dragões e as maçãs envenenadas. Ao contrário das fantasias, no real, os príncipes é que viram sapos.

Hoje meus dias passaram de rosados a cinzentos e já não tenho nenhum vínculo afetivo com o telefone. O dia deixou de ser um obstáculo. E a noite já não mantém comigo a mesma cumplicidade. E o sonho? Bem. o sonho, eu não diria que virou um pesadelo, diria apenas que se transformou em uma dura realidade. Apesar de tudo, foi bom tê-lo sonhado. Pois aprendi que quando um livro se fecha, a história se acaba. Mas há sempre outro pronto a ser explorado. Com novas aventuras. Às vezes até mais emocionantes e que também vão te fazer rir, chorar, gritar, suar, pulsar, ofegar.

Mas que, acima de tudo, vão simplesmente fazer SENTIR!

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